A produção e o licenciamento de caminhões no Brasil apresentaram recuo no mês de abril, conforme dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Os números mostram sinais de desaceleração na indústria e refletem o comportamento da demanda no setor de transporte de cargas.
No mês passado, foram produzidos cerca de 11 mil caminhões, uma retração de 6,0% em relação a março, quando a produção atingiu 11,7 mil unidades. Em comparação com abril de 2024, a queda foi um pouco menor, de 5,5%. Apesar disso, no acumulado de janeiro a abril, houve uma leve recuperação de 4,3% frente ao mesmo período do ano anterior. Igor Calvet, presidente da Anfavea, ressaltou que,
"Pela primeira vez em 2025, as vendas acumuladas de caminhões ficaram abaixo do registrado em 2024. 'Embora a queda seja leve, serve como um sinal de alerta sobre a atual situação do mercado', afirmou."
No que diz respeito ao licenciamento de veículos, o cenário também foi de queda. Abril registrou 9,3 mil caminhões licenciados, um recuo de 0,3% frente ao mês anterior. Já na comparação com o mês de abril 2024, a redução foi mais expressiva: 13,1%. No acumulado dos quatro primeiros meses de 2025, foram licenciadas 37,1 mil unidades — número 0,4% inferior ao registrado no mesmo intervalo de 2024.
Para Alexandre Parker, vice-Presidente da Anfavea, o desempenho mais fraco do setor em abril está ligado a uma estratégia das montadoras para equilibrar estoques diante da demanda retraída.
“O ritmo da produção foi reduzido para evitar acúmulo de veículos nas fábricas e concessionárias. A procura continua fraca, o que exige atenção. Ainda não é motivo para alarme, mas é importante monitorar de perto como o mercado vai se comportar nos próximos meses”, afirmou.
Mesmo com a expectativa de uma safra recorde de grãos este ano — o que normalmente impulsionaria a renovação da frota — o setor de transporte não tem demonstrado apetite por novos caminhões. Segundo Parker, o principal entrave é o custo elevado do crédito:
“O caminhão é um bem essencial para quem trabalha com transporte. No entanto, a maior parte das vendas depende de financiamento, seja via Finame ou CDC. Com os juros elevados, muitos potenciais compradores estão adiando seus planos. As compras à vista são minoria e concentram-se nos modelos mais leves; do médio para cima, praticamente tudo depende de parcelamento”.
Os dados reforçam a cautela que domina o setor e sinalizam que, apesar de alguns indicadores positivos no acumulado do ano, o mercado de caminhões ainda enfrenta desafios importantes em 2025.
Foto: divulgação
Nenhum comentário. Seja o primeiro a comentar!