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Mercado de caminhões: saiba as expectativas das montadoras para 2024

Por Graziela Potenza em 25/02/2024 às 11:51
Mercado de caminhões: saiba as expectativas das montadoras para 2024

Saiba o panorama das montadoras em 2023 e confira as expectativas otimistas para 2024, um ano que promete ser marcado por inovações tecnológicas e crescimento.

Dois mil e vinte três foi um ano de provações e transformações para o setor de montadoras de caminhões no Brasil. Entre a incerteza econômica global e as inovações tecnológicas, as empresas enfrentaram um terreno desafiador. Nesta matéria, a revista Caminhoneiro traz uma análise aprofundada, baseada em entrevistas exclusivas com executivos do setor, revelando os obstáculos superados em 2023 e lançando luz sobre as tendências e expectativas do mercado para 2024. Saiba como os gigantes da indústria de caminhões estão se adaptando e quais as novidades para este ano.

Segundo Luis Gambim, diretor Comercial da DAF Caminhões, em 2023, enquanto o mercado de caminhões retraiu 16,39%, a DAF cresceu 22,8% e se consagrou como a fabricante de caminhões que mais avançou no período, se consolidando como uma das principais marcas do setor. Ao todo, foram 8.344 unidades emplacadas com a nova tecnologia, resultado que posicionou a fabricante nas primeiras posições do ranking de vendas do mercado. Dos caminhões pesados, foram 7.512 unidades, cujo principal modelo é o reconhecido e vice-líder de vendas, o DAF XF; dos semipesados, foram 832 veículos emplacados – número que representa a ascensão das vendas do DAF CF Semipesado Rígido. Com isso, a marca ampliou seu market share no segmento acima de quinze toneladas para 3% e, acima de 40 toneladas, para 13,9% - o melhor desempenho da companhia nos primeiros 10 anos de operação brasileira. A montadora havia encerrado o ano anterior (2022) com 6.793 veículos emplacados – contra as 8.344 unidades de 2023, o que representa um crescimento de 22,8% nos emplacamentos da marca. 

A notícia também é positiva para o veículo mais vendido da marca, o DAF XF, que segue na vice-liderança no segmento de pesados com a configuração de 530 cavalos e na quarta posição do ranking com a versão de 480 cavalos.

“Para o ano de 2024, a companhia continua com seu plano de investimentos no Brasil com foco no longo prazo, estando altamente preparada no presente para os desafios do futuro. Há metas ambiciosas de crescimento e participação de mercado com o objetivo de levar o melhor do caminhão DAF para todo o mercado nacional e estar cada vez mais próxima dos clientes”, diz o diretor Comercial da DAF.

A empresa expandirá seus investimentos em tecnologias de segurança e qualidade nos produtos e serviços, empreendendo esforços tanto em capacidade fabril e produtiva, quanto na qualificação de profissionais e rede de concessionárias. Com a missão de construir uma nova história para o transporte de cargas no Brasil, expandirá seu portfólio para atender às demandas do mercado com a produção de caminhões de alta qualidade e serviços premium para o melhor atendimento de suporte ao cliente. O projeto da marca para o País é consistente e robusto, o que traz a verdadeira inspiração para seguir evoluindo ainda mais.

Luis Gambim explica que o principal desafio ao longo desta primeira década no Brasil foi a consolidação da marca, considerando a competitividade do mercado brasileiro no setor de caminhões. “Em 2023, ano em que completou uma década de atividades, a DAF enfrentou desafios já previstos relacionados à nova linha Euro 6, mas que foram prontamente contornados graças à assertiva estratégia da montadora para a antecipação da tecnologia em 2020. Além disso, o planejamento de gestão de estoque da DAF adequou eficientemente o volume de produção à demanda e tamanho de consumo da rede, melhorando a performance da companhia mesmo em um contexto de retração do mercado. A atuação segmentada dentro do seu portfólio de produtos é outro fator importante que impulsionou o crescimento dos negócios e que se refletiu nos números conquistados nestes 10 anos de operação no Brasil. Com a marca de 32.590 mil unidades fabricadas no último ano e presença em 100% do território nacional com sua ampla rede de concessionárias, seu perfil de atuação manteve a linha ascendente de crescimento, visto que a Nova Linha DAF XF e CF demonstraram ótimos resultados nos últimos três anos. Já o lançamento do DAF XF Off-Road no ano passado, com motor de 530 cavalos e capacidade de até 91T (PBTC), desembarcou nas concessionárias como protagonista do setor sucroalcooleiro. Como resultado de seu projeto consistente, a DAF ficou entre as três marcas que mais emplacaram caminhão Euro 6 e conquistou a vice-liderança dos pesados por 24 meses consecutivos. Com o avanço comercial em participação de mercado e volume de vendas, a companhia expandiu a atuação da marca com uma estrutura de serviços cada vez mais robusta, além de aumentar a capacidade de atendimento e a qualificação dos profissionais. Neste sentido, foram aplicados investimentos em pós-venda, marketing, na área administrativa e de vendas, que alinhados a uma nova cultura focada nos próximos desafios, estão preparados para competir de igual para igual com os grandes players que já estão há décadas no mercado brasileiro.”

Segundo Luis Gambim o setor, de uma forma geral, os caminhões Euro 6 estão no processo de amadurecimento no País para que os investimentos feitos nas novas tecnologias gerem retorno financeiro. “Essa equação é projetada com base no avanço do volume de vendas na casa dos dois dígitos previsto para 2024 – ano que se considera um cenário macroeconômico mais favorável, com ampliação do crédito e redução dos juros, além de programas federais de incentivo à renovação da frota, como o Programa Rota 2030, por exemplo. Portanto, se o cenário à frente se confirmar com câmbio acomodado, inflação controlada e crescimento do PIB acima de 2%, deverá acontecer uma retomada mais forte das vendas, especialmente os segmentos agrícola, cana, florestal, minério e de construção que utilizam os modelos pesados e extrapesados. No geral, agronegócio e os estímulos das obras de infraestrutura do novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) que, juntamente com a indústria de transformação, construção civil que sofreram mais em 2023, devem impulsionar o mercado de caminhões em 2024.”

A Mercedes-Benz do Brasil também teve um ano de 2023 desafiador. Roberto Leoncini, do Conselho da Mercedes-Benz do Brasil, faz uma breve análise: “o início do ano passado foi desafiador com a mudança de legislação para o Euro 6. Apesar disso, estávamos com nossa linha preparada e rede abastecida com caminhões Euro 5 e Euro 6, a fim de atender nossos clientes.”

“Para o ano de 2024, em linha com a Anfavea, esperamos que o mercado seja melhor do que 2023, sendo puxado por segmentos como o agronegócio e também pelos programas do governo, como o PAC da Infraestrutura e da mobilidade”, diz.

O executivo continua: “a introdução do Euro 6 foi muito desafiadora para o mercado como um todo, uma vez que estávamos trazendo para a nossa realidade uma tecnologia que já existia na Europa e Estados Unidos. Mas hoje, a situação já é bem diferente. Nós contamos com nossa engenharia e fizemos testes exaustivos para entregar o melhor para os nossos clientes, a fim de garantir uma transição de tecnologia com benefícios, bem-sucedida e com soluções que  auxiliam em seu negócio e facilitam sua aplicação.”

“Esperamos por uma agricultura forte para o ano de 2024, movimentando a venda de caminhões de todos os segmentos, principalmente os extrapesados, para clientes do agronegócio. Além disso, por meio de programas do governo, conforme mencionamos anteriormente, a construção civil também pode contribuir para o crescimento do mercado de caminhões. E existe também uma expectativa de alta para o mercado da mineração, aumentando a demanda por novos produtos”, diz Roberto Leoncini.

Confiantes

A Scania, reconhecida no setor automotivo, projeta um cenário otimista para o mercado de caminhões em 2024, antecipando um crescimento de 14%. Esta estimativa está em harmonia com as projeções da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O otimismo abrange diversos segmentos de atuação da empresa, impulsionados por uma economia mais dinâmica com alta demanda de transporte de cargas. Alex Nucci, diretor de Vendas de Soluções da Scania Operações Comerciais Brasil, ressalta: “estamos confiantes para 2024, já tendo comercializado 60% da produção de caminhões no primeiro trimestre e 40% no segundo trimestre do ano”, diz.

Nucci enfatizou que a maioria das vendas destina-se à expansão de frotas. A Scania também registra uma demanda significativa por caminhões a gás, com 150 pedidos já confirmados para o início do ano.

Para 2024 tem previsão de ocorrer uma quebra de safra: “o setor agrícola, mesmo enfrentando uma redução de 8% a 10% na safra de grãos, como milho e soja, ainda mostra forte potencial. Segmentos como cana, florestal, mineração e construção também prometem alta demanda por caminhões no próximo ano”, diz Nucci.

Por outro lado, o executivo da Scania enfatizou que o ano de 2023 foi desafiador, marcado por turbulências, incertezas políticas, variações nas taxas de crédito e juros. A transição tecnológica do Euro 5 para o Euro 6 inicialmente causou apreensão devido aos custos mais elevados, mas a situação começou a se estabilizar a partir de maio. Melhorias no cenário político, maior disponibilidade de crédito e a adaptação à nova tecnologia contribuíram para o início de recuperação do mercado. Nucci lembra: “desde maio, observou-se uma reviravolta na situação. O cenário político começou a perder destaque, enquanto a disponibilidade de crédito melhorava e as taxas de juros indicavam uma tendência de queda. Gradualmente, os clientes começaram a se adaptar à tecnologia Euro 6. Entre maio e agosto, o mercado começou a adotar a nova tecnologia com mais vigor. A partir de agosto, as dificuldades anteriores foram sendo deixadas para trás.”

“Nos últimos quatro meses do ano, o mercado mostrou sinais de recuperação e aquecimento”, diz.

“Desde então, clientes de médio e longo porte têm impulsionado o mercado, iniciando um movimento de compra e demonstrando confiança na recuperação do setor. Com a redução mais consistente do Selic, o varejo também começou a se recuperar, o que é extremamente significativo para o nosso setor."

A Scania acompanha de perto os dados do setor fornecidos pela Anfavea. Nucci menciona que foram muitos os desafios enfrentados no início de 2023, a previsão é de uma redução de mercado entre 10 e 11%, alinhada às expectativas da Anfavea. No entanto, a recuperação gradual do mercado é um sinal positivo, refletindo a resiliência e adaptação do setor frente aos desafios econômicos e tecnológicos.

A Iveco também está confiante para 2024 e realizou boas conquistas em 2023 apesar dos desafios. Marcus Souza, diretor de Marketing da Iveco para a América Latina, disse: “apesar do cenário de desafios de 2023 (alta taxa de juros, baixa disponibilidade de crédito e implementação do Euro VI), a Iveco continuou bem estruturada, ancorada em um plano estratégico sólido. Foi um ano muito especial já que lançamos o S-Way, melhor caminhão já produzido pela Iveco no Brasil. Para este ano, nossa expectativa é continuar nesse crescimento sustentável.”

“A taxa de juros deve continuar caindo e, com isso, a disponibilidade de crédito deverá aumentar.”

“A consolidação do Euro VI no mercado deve colaborar para as vendas. Da nossa parte, vamos aumentar a produção na fábrica de Sete Lagoas (MG), ampliar a disponibilidade dos sistemas de conectividade, que atualmente já contam com cerca de 1100 veículos conectados, iniciar a comercialização do portfólio verde – com veículos movidos a gás natural, biometano e eletricidade - e continuar a expansão da capilaridade da rede de atendimento, com a inauguração de centros de atendimento especializados, como o Daily Center e elétricos.”, diz Marcus Souza.

A Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) apesar dos desafios de 2023 com a cadeia de suprimentos, em relação à escassez dos semicondutores e à transição de tecnologia do Euro V para o Euro VI, alcançou a liderança em vendas de caminhões no ano e a vice-liderança em ônibus. 

Ricardo Alouche, Vice-presidente de Vendas, Marketing e Serviços da Volkswagen Caminhões e Ônibus,  explica que o tema do setor continuará sendo descarbonização e redução da emissão de CO2.

“Como tendência, continuamos apostando nos elétricos, mas é natural que temas como gás estejam presentes nas discussões de determinados nichos de mercado.”

“Entretanto, entendemos que a iniciativa que reduz eficazmente as emissões gerais em curto prazo é a renovação de frota para retirar de circulação caminhões e ônibus com mais de 20 anos e, com isso, colocar um moderníssimo Euro VI em circulação com baixíssimos teores de emissões.”

A Volvo também teve 2023 desafiador. Segundo Alcides Cavalcanti, diretor Executivo de Caminhões da Volvo do Brasil, “no ano passado nosso setor foi marcado pelos reflexos da introdução das novas linhas de caminhões Euro 6. Os altos investimentos nas novas tecnologias para atender as exigências de redução das emissões de gases tiveram impacto no preço dos produtos. Além disso, muitos transportadores decidiram antecipar suas compras com veículos Euro 5 no ano anterior e retardar as aquisições da linha Euro 6. Essa situação repercutiu negativamente no primeiro semestre de 2023, ocorrendo uma já esperada redução do tamanho do mercado total no segmento em que atuamos, que ficou 16% menor em relação ao período anterior. A Volvo, no entanto, sentiu recuperação na segunda metade do ano, com crescimento importante nas vendas, trazendo perspectivas animadoras para 2024.”

“Acreditamos que o mercado, e nós também, teremos um resultado superior ao registrado no ano passado”, diz Alcides Cavalcanti.

O diretor Executivo de Caminhões da Volvo do Brasil continua: “tivemos alguns desafios, como a necessidade de fazer ajustes nos preços por conta da nova realidade com as últimas tecnologias. Todas as fabricantes fizeram isso e sentiram os efeitos da queda. A Volvo, em contrapartida, lançou no Brasil uma linha Euro 6 muito avançada tecnologicamente. Tivemos uma enorme aceitação por parte dos transportadores. Por conta das inovações introduzidas, nossos caminhões chegaram com um consumo de combustível de 8% a 10% menor em relação à geração anterior, dependendo do modelo. O FH 540, por exemplo, encerrou o ano passado como o caminhão mais vendido entre todas as categorias, inclusive na primeira colocação entre os veículos Euro 6.”

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Fotos: Divulgação

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