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Motor Euro 6: desvendamos mitos e verdades sobre o novo sistema para caminhões

Por Graziela Potenza em 13/01/2024 às 11:29
Motor Euro 6: desvendamos mitos e verdades sobre o novo sistema para caminhões

Descubra os segredos da tecnologia Euro 6 em caminhões: os especialistas Edinilson Almeida, do Marketing de Produto, da FPT Industrial para a América Latina, e André Garcia, gerente Executivo de Projetos da Cummins Brasil, revelam as verdades e os mitos sobre o tema.

Antes de respondermos as principais dúvidas sobre o tema, primeiro é necessário entender o que é a norma Euro 6 e quais são as diferenças para os caminhões Euro 5.

O que é a norma Euro 6?

O Proconve P8 (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores), equivalente à norma europeia Euro 6, faz parte da política de controle de emissões de longo prazo, com exigências determinadas por fases, estabelecida pelo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente). Trata-se de uma legislação de redução de emissões de poluentes de veículos comerciais pesados a diesel nocivos à saúde dos seres humanos, e faz parte da conscientização da sociedade como um todo a importância de estarem nas ruas e nas estradas veículos mais eficientes, limpos e compatíveis com o meio ambiente.

Qual é a diferença entre os veículos Euro 5 e Euro 6?

O Proconve P8 (Euro 6) garante 80% de redução nas emissões de Óxido de Nitrogênio (NOx) e 50% de redução nas emissões de Material Particulado (MP) em relação aos motores Proconve P7 (Euro 5). Além disso, o Euro 6 demanda novos testes comprobatórios e fiscalizações mais rígidas para as fabricantes, como maior quilometragem para durabilidade do sistema (700.000 km ou 7 anos); testar o motor em uso real e repetir teste a cada dois anos; limite de ruído de 78-80 db; além de todos os motores passarem a utilizar o Arla 32.

Agora que você já entendeu o que é e o que mudou com a nova norma, iremos desvendar alguns mitos e verdades das principais dúvidas sobre o tema. Confira:

Há alguma verdade nos argumentos de que os motores Euro 6 podem comprometer o desempenho dos veículos em termos de potência e torque?

Edinilson Almeida - MITO. Desde que começou a valer, a fase P8/Euro VI determinou que todos os caminhões com um motor diesel devem sair de fábrica com um sistema capaz de fazer o tratamento de gases poluentes, adotando novas tecnologias. Uma dessas tecnologias é chamada de EGR (Recirculação de Gases de Escape). Com ela, há como reduzir a temperatura da combustão e eliminar óxido de nitrogênio (NOx). Ou seja, ocorre um controle do volume de gases expelidos após a combustão. Além disso, tornou-se necessário contar com um filtro de partículas no sistema de escape e um sistema de turboalimentação mais complexo. Outra tecnologia que contribuiu com esse processo é a SCR (Redução Catalítica Seletiva). Na prática, ela funciona como uma válvula que injeta um aditivo — o agente líquido Arla 32 — para neutralizar o óxido de nitrogênio. Vale ressaltar que todas essas tecnologias apresentam vantagens de acordo com as especificações de cada veículo. Portanto, depois que a determinação legal entrou em vigor, os fabricantes selecionaram a opção mais adequada para suas produções: além de atender às normas, as tecnologias foram adotadas levando em conta os custos e as condições operacionais. Mais do que contar com essas funcionalidades inteligentes nos motores, também é fundamental ter atenção ao diesel, ainda mais quando se pretende fazer a economia de combustível aproveitando todo desempenho do veículo e otimizar os gastos com a frota.

Os motores Euro 6 são mais amigáveis ao meio ambiente? Eles realmente contribuem para a redução da poluição do ar?

Edinilson Almeida - VERDADE. A nova geração Euro VI das Séries F1, NEF e Cursor da FPT Industrial agrega ainda mais eficiência e desempenho aos motores. Além das reduções de emissões apontadas na questão 1, trazem injeção eletrônica Common Rail de última geração e Turbocompressor de Geometria Variável (VGT), mais robustez e economia, com soluções como o sistema de pós-tratamento HI-eSCR, com consequentes intervalos de manutenção ampliados e TCO otimizados em todas as aplicações. Vale ressaltar que a estratégia de sustentabilidade do Iveco Group segue o conceito de lifecycle thinking, buscando soluções para diversas aplicações que tenham a menor pegada ambiental, com remanufatura de motores e componentes, com foco na economia circular.Essa abordagem de pensamento permite a implementação e a promoção de um ciclo de vida útil do produto circular, em que os recursos são utilizados integralmente pelo maior tempo possível e os produtos e materiais são recuperados e reutilizados até o final de sua vida útil.

O papel do sistema de tratamento de gases de escape (SCR) nos motores Euro 6 é igual ao Euro 5?

Edinilson Almeida - MITO. Os motores FPT Industrial para aplicações rodoviárias alcançam níveis de emissão Euro VI com nosso sistema exclusivo e patenteado HI-eSCR. Graças à pesquisa e desenvolvimento contínuos, aprimoramos a tecnologia SCR (Redução Catalítica Seletiva), que transforma NOx em nitrogênio (N2) e água (H2O) por meio da injeção de ureia no tubo de escape. Isso nos permitiu desenvolver uma solução sem EGR, baseada em combustão otimizada e eficiência de conversão de NOx muito alta (até 98%, contra 80%-85% de média dos concorrentes). Os recursos HI-eSCR patenteados incluem um sistema exclusivo de controle de dosagem de ureia – Arla 32 (baseado em uma rede de sensores integrados que monitoram qualquer excesso de NOx e amônia) e um misturador de alta turbulência com isolamento térmico, que permite a hidrólise homogênea da ureia e total conformidade com as emissões. 

HI-eSCR é uma tecnologia inovadora da FPT Industrial (baseada em mais de dez anos de experiência na área de SCR) cuja confiabilidade é demonstrada por mais de 650.000 unidades produzidas até o momento. A simplificação do sistema (sem EGR/sem regeneração forçada) também minimiza paradas técnicas e melhora a durabilidade.

Os motores Euro 6 são compatíveis com diferentes tipos de combustíveis alternativos, como biodiesel ou gás natural? Isso afeta sua eficiência ou desempenho.

Edinilson Almeida - VERDADE E MITO. Nossa linha on-road está baseada em três famílias de motores (F1, NEF e Cursor), com cilindrada de 2,3 a 12,9 litros, níveis de potência de 116 cv a 600 cv e torque entre 340 Nm a 2850 Nm. Todas as famílias incluem também unidades a gás natural. Os motores diesel Euro VI são preparados para utilizar biodiesel. Já os motores a gás natural oferecem o mesmo desempenho e todas as vantagens dos motores movidos a diesel, inclusive a confiabilidade comprovada e custo total de propriedade competitivo. Somos protagonistas em motores a gás natural e biometano para veículos comerciais na Europa e estamos em fase de crescimento neste mercado na América Latina. Quando falamos em gás, temos o portfólio composto do maior range de potência do mercado, de 75 hp a 460 hp, até 30% de economia de custos de combustível, intervalos de serviço compatíveis com as versões diesel, além de um motor menos ruidoso em comparação com o diesel. Nossos motores a gás são compatíveis com GNL, GNV e biometano. A tecnologia de propulsão por biometano oferece inúmeras vantagens ambientais, incluindo a redução de até 80% das emissões em comparação com um motor diesel padrão.

O Euro 6 polui menos que o Euro 5?

Andre Garcia - VERDADE. O Euro 6 estabeleceu limites mais rigorosos para a emissão de poluentes em comparação com o Euro 5. Os veículos certificados como Euro 6 atendem a limites mais baixos de óxidos de nitrogênio (NOx), partículas sólidas (PM) e hidrocarbonetos (HC). Com as grandes transformações tecnológicas da Cummins para o atendimento às normas do Conama P8 /Euro 6, houve uma redução de cerca de 77% de NOx e de aproximadamente 66% de material particulado (do Euro 5 para Euro 6). A mudança impulsionou o desenvolvimento de tecnologias avançadas, principalmente nos sistemas de pós-tratamento da Cummins, Single e U Module. Projetadas pela Cummins Emission Solutions (CES), as tecnologias de exaustão estão 60% menores e 40% mais leves quando comparadas aos sistemas que atendem ao mesmo nível de emissões.

Um dos mitos comuns é que os motores Euro 6 são mais caros de produzir. Isso é verdade ou falso? E por quê? ?

Andre Garcia - VERDADE. Há um incremento nos custos em função das novas tecnologias necessárias para que os veículos possam atender aos novos limites de emissões tanto em banco de testes como na aplicação. Entretanto, a magnitude desde incremento depende da tecnologia adotada por cada fabricante. A Cummins neste aspecto buscou o melhor equilíbrio de valor para o usuário final, sendo bastante criteriosa na escolha das tecnologias que foram incorporadas. Para valorizar a durabilidade dos sistemas, o melhor custo de aquisição e manutenção, a Cummins manteve a mesma base dos motores Euro 5, com pequenas alterações que visam atingir os novos limites de emissões e maximizar o desempenho e consumo de combustível, que já eram referências na plataforma de motores Euro 5. A Cummins priorizou nos catalisadores de gases de escape a parte mais significativa das mudanças, mas sem abrir mão de maximizar o desempenho do veículo, consumo de combustível e um custo de manutenção saudável ao longo da vida de todo o sistema. Com isto, nasceu o sistema modular que permite a manutenção de partes do sistema de pós-tratamento e com fácil acesso, tornando os ciclos de manutenção mais estendidos, menos onerosos e mais rápidos.

Já se fala em sistema Euro 7?

Andre Garcia - VERDADE. Na Europa, os novos limites de emissões já estão em discussão, incluindo a previsão para nova norma entrar em vigor. Os cenários político e econômico vêm apontando para postergação da data inicialmente prevista (2027). O time de desenvolvimento local vem participando das discussões com os times globais uma vez que esta definição da regulamentação será cascateada para nosso mercado posteriormente e desenvolveremos os produtos visando aplicação em nossa região também. Porém, a incerteza da data de implementação reforça ainda mais a importância de discutirmos medidas a curto prazo para provocarmos impactos positivos ainda maiores no meio ambientes, como por exemplo a renovação de frota (a idade média da frota circulante de veículos comerciais no País já ultrapassa 10 anos) e adoção de combustíveis renováveis como o biodiesel (aumentando o percentual até 20%) ou o HVO (até 100%). 

Muitas pessoas afirmam que os motores Euro 6 exigem manutenção mais frequente e são menos confiáveis a longo prazo. Isso é um mito ou há alguma base para essa afirmação?

Andre Garcia - MITO. A plataforma de motores Euro 6 foi desenvolvida visando metas iguais ou maiores de durabilidade em relação aos motores Euro 5, além de seguir todos os protocolos de desenvolvimento das fabricantes de motores e montadoras de veículos.  No entanto, vale reforçar dois fatos referentes à esta questão:  

  • Introdução de novas tecnologias: A indústria investiu pesado no desenvolvimento e testes de validação para assegurar a entrega de um produto que seja igual ou melhor em durabilidade, porém como todo novo produto, os procedimentos de manutenção sofreram revisão e precisam ser observados, no entanto sem um impacto negativo para o usuário final (frequência ou tempo). A Cummins já dedicou R$ 170 milhões no projeto Euro 6 no País, incluindo uma nova linha de produção para soluções de pós-tratamento de gases de escape, além dos investimentos em testes realizados pelas montadoras para garantir que estas metas foram atingidas.  
  • Limpeza do DPF: o filtro de material particulado, novidade no sistema de pós-tratamento, dependendo da aplicação pode requerer um processo de limpeza, como parte do plano de manutenção para manter a eficiência do sistema de controle de emissão de gases. E o próprio sistema notifica esta necessidade por meio de um aviso no painel do veículo.  

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