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Caminhão transportando avião? Entenda como é realizado o transporte de cargas indivisíveis

Por Equipe RC em 20/12/2021 às 17:47
Caminhão transportando avião? Entenda como é realizado o transporte de cargas indivisíveis

“A missão dos motoristas é voltar tranquilos para suas famílias, preservando sua vida, de terceiros e, por fim, a carga, seja ela uma locomotiva raríssima, um transformador, uma torre eólica ou um avião!”

Recentemente pudemos acompanhar a notícia do transporte, via caminhão, de um Airbus A318. Para quem viu algo assim pela primeira vez, pode ter surgido a seguinte dúvida: como será a dinâmica para transportar isso? Mesmo para quem já presenciou algo assim, já imaginou como é feito o transporte de cargas com pesos e dimensões absurdas? Tais como vagões de trem, guindastes ou máquinas industriais e agrícolas?

Foi pensando nessas perguntas que a revista Caminhoneiro entrou em contato com a Rodopiro, empresa responsável por realizar o transporte do Airbus, assim como de outros objetos indivisíveis. A empresa é especializada no transporte de cargas especiais e atua em todo o território nacional.

Quando falamos em cargas especiais ou indivisíveis, alguns podem se perguntar do que se trata. De modo geral, a carga indivisível é aquela cujo peso e dimensão ultrapassem os limites regulamentares e exijam um transporte especial, com veículos e profissionais devidamente preparados para essa tarefa.

Bom, para começar explicando sobre esse serviço podemos dizer que sua existência é similar a boa parte dos serviços especializados - atender uma necessidade. Como diz uma das regras do mercado, onde há oferta, há demanda, e aí surge o transporte de cargas indivisíveis.

Imaginar o transporte de objetos mais simples, como televisões, smartphones, peças de roupas ou mesmo coisas maiores e mais pesadas, como geladeiras ou máquinas de lavar, é algo simples.

Por outro lado, para transportar objetos maiores e mais pesados, é preciso movimentar uma equipe que entenda todas as condições necessárias do trajeto, situações que podem ocorrer na pista e cuidado com a carga.

Inicialmente, quando há um cliente com uma carga que exceda o limite permitido de transporte, ele entra em contato com uma empresa especializada para realizar a consulta e entender toda a logística necessária para que seja realizado o transporte.

Geralmente, o contato é feito antes que a pessoa consiga compre a carga, pois a aquisição precisa ser planejada e somar os custos com o transporte. A partir daí, com informações básicas passadas pelo cliente, como peso, dimensões, local de destino e onde será retirado, é iniciado o processo de análise para definir o valor do serviço.

Um detalhe importante sobre o assunto é que, durante o orçamento, a primeira etapa realizada se chama “Estudo de Viabilidade”. Nele, os profissionais percorrem todo o trajeto, analisando e mapeando os pontos de passagem da carga e verificando se as pistas são apropriadas. Isso envolve fiação, curvas, obras na via, altura dos viadutos e passarelas ao longo do caminho etc.

A partir desse estudo, que costuma demorar cerca de 5 a 10 dias, é definido o melhor trajeto, equipamento necessário e as documentações obrigatórias, além de ser o momento de buscar as autorizações especiais de trânsito, permissões e agendamentos junto às concessionárias e a PRF. Neste ponto então é definido o valor do serviço e o orçamento é passado para o cliente.

O estudo tem validade e nunca é utilizado mais de uma vez. Por se tratar de espaço físico, o trajeto sempre está sujeito a transformações por obras, recapagens, instalação de semáforos e postes, além das modificações naturais, como crescimento de galhos ou a arborização em canteiros.

Passados os preparativos e o “ok” do cliente é definido o cronograma. Neste ponto são delegados os equipamentos necessários para o serviço e, junto, o motorista do time responsável por realizar a tarefa. Na cabine, ao longo da viagem, apenas o motorista pode ficar. Essa é uma medida para eliminar o risco de qualquer distração.

A comunicação é feita via rádio, e em trechos de manobras é essencial essa concentração e alinhamento entre o motorista e a equipe monitorando. Durante o percurso há um gestor de tráfego, que é o profissional do outro lado do rádio acompanhando a entrega do início ao fim.

Além dele, a viagem conta com um carro de apoio operacional caso o caminhão precise de algum auxílio, além das escoltas exigidas pela legislação. Nesse caso, essa escolta varia de acordo com a região, sendo que em alguns trechos é exigido o acompanhamento da PRF.

Podemos entender que todos os fatores contam para a entrega. Por isso, além de estudos, autorizações e toda a assistência necessária para o motorista, a mudança de tempo, intensidade de trânsito ou o caso do município percorrido ao longo do trajeto ter algum feriado, são variantes devidamente analisadas.

Só assim, com tudo bem definido, o serviço se inicia. A carga então é acomodada de maneira inteligente, pensando no equilíbrio do caminhão e no trajeto. Quando o percurso é concluído e a carga devidamente descarregada, de forma segura, é que a equipe de apoio deixa o local e retorna a base.

Para realizar esse serviço é necessário muito treinamento, uma equipe alinhada e bem preparada para qualquer situação que exija uma ação diferente da programada.

“O treinamento contínuo que fazemos é sobre comportamento seguro nas operações, que envolve não só o trabalho em si, mas o bem-estar de quem realiza. Isso parece óbvio, mas não é. Uma preocupação particular do motorista pode impactar sua atuação tanto quanto um imprevisto no trajeto”, disse Cintia, representante da Rodopiro e responsável pelo treinamento dos motoristas.

Isso acontece porque não apenas os motoristas são treinados para começar o trabalho, mas sim, antes de cada viagem. Sempre que uma carga for transportada é realizado um treinamento específico um pouco antes do carregamento.

Nele, são passadas orientações ao motorista e toda a equipe de apoio, que por meio de fotos, filmagens, medições e ferramentas virtuais, como mapas, é repassado todo o trajeto para o motorista possa se atentar e visualizar principalmente pontos específicos que exijam uma atenção ainda maior.

“Eu digo sempre que saber dirigir é muito diferente de ser um motorista. A missão deles é voltar tranquilo para suas famílias, preservando (nesta ordem) a própria vida, a vida de terceiros e a carga. Seja ela uma locomotiva raríssima, um transformador, uma torre eólica ou um avião!”, finaliza Cintia.

Fonte e fotos: Rodopiro

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