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Motorista sofre: trabalho com insalubridade e periculosidade

Por Dr. Dirceu Rodrigues Alves Júnior em 22/09/2023 às 15:03
Motorista sofre: trabalho com insalubridade e periculosidade

A legislação do trabalho determina que se tenha no máximo 8 horas de trabalho para todos os trabalhadores, porém reduz esse tempo quando existe insalubridade ou periculosidade em grau elevado. Imagine o trabalho de um caminhoneiro ou de um motorista de coletivo!

O nosso motorista não está passeando, mas fazendo trabalho repetitivo durante longo tempo. Preocupado com as vias e rodovias, com a carga, com assalto, sob estresse todo o tempo, estresse físico, mental e social. Preocupado ainda com o tempo de entrega da carga, espera para descarregar. Come na via, embaixo do caminhão, fazendo seu próprio alimento sem local próprio, sem local ideal para sua higiene corporal, seu banho, e até para dormir. É nesse trabalho que se vê estampada a insalubridade e periculosidade. É uma função de sacrifício e onde não comporta hora extra, já que sabemos que quanto maior o tempo de exposição nessa atividade maior é a possibilidade de aparecimento de doenças e de absenteísmo, além do aumento dos sinistros.

A lei do caminhoneiro que envolve também o motorista de ônibus é impositiva fazendo o trabalho ser realizado durante 5 horas ininterruptas, sem levantar-se do banco, após repouso de trinta minutos retorna à atividade.  Dessa forma a possibilidade de surgimento de doenças ocupacionais (LER/DORT), torpor, fadiga, sono levando o trabalhador a redução da atenção, concentração, raciocínio, vigília, percepção, resposta motora lenta e logicamente fazendo uma direção insegura. A redução desse tempo de 5 h para 3h seria um benefício muito grande na prevenção dos problemas citados e nessa interrupção descer do veículo, fazer um alongamento, exercitar músculos e articulações, fazendo uma caminhada ao redor do veículo, tudo isso num período de 15min, após o que retorna à direção para mais 3h de jornada.

Durante essa pequena parada, o organismo produz hormônios como a insulina que melhora o transporte da glicose, produz ainda testosterona, adrenalina, cortisol e endorfinas. Esses hormônios geram relaxamento, sensação de bem-estar, fazendo o nosso motorista sentir-se revigorado.

O sono e a fadiga sabemos que é decorrente de noites mal dormidas, poucas horas de sono, local inadequado, iluminação, falatório, barulho, dormir na boleia que é totalmente contraindicado com relação à higiene do sono. Temos que incluir aqui o trabalho repetitivo de corpo inteiro como grande concorrente para a fadiga. Além disso, temos fatores predominantes na direção veicular capazes de gerar o sono, como a vibração do veículo, o ruído continuado, imagens externas que passam no campo visual, balanceamento da cabeça induzindo o indivíduo ao torpor e a sonolência.

O ruído além de contribuir para o torpor e sonolência é capaz de levar a redução da audição, provocando perdas auditivas continuadas em função do tempo de exposição, quanto mais tempo de exposição, logicamente, mais perda auditiva. E essa perda auditiva, podendo chegar à surdez e a surdez sendo uma doença incapacitante para a função. Sabemos que o trânsito é extremamente ruidoso principalmente nos grandes centros.

Mas não é só isso que temos como riscos à segurança no transporte. A negligência, imprudência, imperícia são os principais e que são muitas vezes esquecidos pelos empresários, gerentes e mesmo pelo próprio motorista. Há necessidade de reciclagem, de atualização as mudanças, mudanças observadas na confecção dos veículos, as montadoras têm projetos de modernização dos veículos com características diferentes, largura, altura e bitrens. Ainda com uma tecnologia diferenciada introduzida no veículo, então é necessário que se tenha um treinamento, tomar conhecimento e aprendizado do veículo automático e daquele que comporta tecnologia diferente.

O tempo determinado para entrega do produto transportado é outro fator importante. A condição climática, Sol, chuva, neblina, condições da via, a velocidade, o álcool, drogas, tecnologia introduzida na boleia do veículo, fadiga, sono, estresse físico, mental, social, tudo isso justifica os riscos.

Hábitos incorretos, postura, chinelo de dedo, braço na janela, fumar, variações climáticas, vibração, ruído, gases, vapores, poeiras, fuligens são elementos importantes na segurança veicular que devem ser observados, assim como a tecnologia que é um potencial risco para o sinistro, e ainda pela perda da visão, concentração, atenção, raciocínio, vigília, percepção. Quando vão atender o celular, por exemplo, mexer no computador, acionar algo que esteja fora do alcance normal a possibilidade do sinistro aumenta.

Saúde que é o bem-estar físico, mental e social é essencial para que se tenha uma direção segura. As doenças pré-existentes têm que ser controladas. A hipertensão arterial, diabetes e outras doenças precisam ser tratadas corretamente porque são capazes de gerar sinais e sintomas no momento do trabalho. Não tratadas, essas doenças podem realmente serem causas de sinistros. Vale lembrar aos empresários do transporte, seus gestores e motoristas que há necessidade da carteira de vacinação que é essencial, principalmente para aqueles que fazem trânsitos intermunicipais e interestaduais. As doenças endêmicas estão presentes no país. Uma gripe numa cidade do interior pode ser trazida para um grande centro. A malária, febre amarela, leishmaniose por exemplo, doenças presentes na floresta amazônica, centro-oeste pode gerar doenças graves, gravíssimas e que o motorista pode transportar esses insetos causadores dessas doenças para os grandes centros, gerando aí uma epidemia de uma doença que não existia no nosso litoral. 

Foto: divulgação

 

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