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Já estamos no futuro? Relembre as previsões do mercado na década de 90 sobre como seriam os caminhões do século XXI

Por Equipe RC em 23/02/2024 às 16:09
Já estamos no futuro? Relembre as previsões do mercado na década de 90 sobre como seriam os caminhões do século XXI

Na edição nº 50 da revista Caminhoneiro, em agosto de 1990, ainda no século XX, publicávamos uma matéria cujo título era “O caminhão do século XXI”. Na reportagem em questão, entrevistamos Luiz Alberto Veiga, gerente de Estilo da Autolatina (Volkswagen Design), que fez previsões de como seriam os caminhões nos dias atuais. Será que ele acertou? Confira na íntegra:
 


Capa da edição nº 50 da revista Caminhoneiro, de agosto de 1990

 

“Com certeza, os caminhoneiros do próximo século estarão pilotando brutos muito diferentes. Aqui as previsões de um designer sobre o futuro desses veículos”

Por enquanto parece coisa saída de história em quadrinhos ou de filme de ficção científica. Mas formas arredondadas, cheias de curvas, como as dos desenhos desta página, poderão estar circulando pelas estradas do mundo bem antes do que se pensa. Estes são os esboços dos caminhões do futuro. Quem passou para o papel esses projetos de um bruto do século XXI foi Luiz Alberto Veiga, gerente de Estilo da Autolatina (Volkswagen Design), que lidera equipe de oito designers dentro da empresa. Para não deixar dúvidas, é bom, de cara, explicar as palavras. Design significa exatamente o projeto, a transformação de uma ideia em realidade, no caso respeitando a lógica e as exigências do mercado; designers são aqueles que trabalham fazendo isso.

Desenhos, portanto, fazem dia a dia de Veiga e de sua equipe. Quem ganha a vida com essa habilidade de criar precisa exercitar a fantasia. Veiga pede a todos os designers da Volkswagen que diariamente projetem algo bem pessoal como exercício. E muito do que se rabisca como simples tarefa de criatividade indica quais os ingredientes do caminhão do futuro. 
 

De início, Veiga revela que o pingo - isso mesmo, uma gota d'água bem espichada - é a forma básica da aerodinâmica, ramo da ciência que estuda a resistência oposta pelo ar aos corpos sólidos que se movem através dele. Explicando melhor: quando se desloca, o objeto (no caso, o caminhão) enfrenta as correntes de ar, que vão praticamente abrindo a sua passagem; essas correntes acabam se refazendo, se juntando novamente, depois que o objeto passou. Pois o que se procura são formas que facilitem a passagem e a reunião dessas correntes sem formação de vácuo. Afinal, o vácuo dificulta o avanço do veículo. Foi estudando isso que os especialistas concluíram pela conveniência das carrocerias aerodinâmicas.

Importante é lembrar que as linhas curvas nada têm de feminino. "Na análise do veículo, consideramos o caminhão como algo masculino. O automóvel é mais unissex; o design deve agradar também à mulher. Isso não acontece com os caminhões. Temos que preservar a ´macheza´ do veículo”, comenta Veiga. Para ele, externamente, o caminhão do futuro deverá ser muito mais carenado do que é hoje. Isso para respeitar as necessidades da aerodinâmica e da segurança. Veiga fala de rodas traseiras cobertas, de vidros com sensibilidade à luz, faróis de baixo perfil, com melhor desempenho, e reguláveis de dentro da cabine.
 

Por falar nela, Luiz Alberto Veiga acredita que a cabine do futuro será modular, tornando possível desconectá-la da parte mecânica. Uma cabine que poderia passar para outro caminhão. O acesso também deverá ser melhorado. Possivelmente, com o tempo, os espelhos retrovisores estarão totalmente fora de moda - para a visibilidade, haveria minicâmeras reguladas por botões, que dariam visão ao redor, atrás da carroceria, do outro lado do motorista.

O painel de instrumentos, por sinal, ganhará em sofisticação. Digital, com um computador de bordo dando todas as informações. "Só as funções básicas - tacômetro, rotações por minuto, velocidade - aparecerão o tempo todo", diz Veiga. "As demais - por exemplo, o nível de óleo, quanto combustível há à disposição teriam que ser puxadas no computador pelo caminhoneiro." Por falar nele, Veiga prevê um sistema de refrigeração sempre melhorado, para que o clima não seja problema a quem dirige. E mais: direção hidráulica, câmbio automático. Na parte mecânica em si, Veiga aposta nos motores híbridos - a explosão e elétrico; na implantação de muitos catalisadores; em materiais que devem visar à reciclagem, sem agressões ao meio ambiente. O mesmo no que se refere a ruídos.


"Qualquer veículo do futuro deve ser menos poluidor, também do ponto de vista sonoro", comenta.

Igualmente as cargas e fechaduras vão se amoldar ao mundo de amanhã. Serão mais respeitados os padrões de dimensão. “As fábricas de quaisquer produtos terão que fazer sua embalagem visando o contêiner de carga, e este visando o transporte”, diz Veiga. Ele garante que até para abrir a porta dos caminhões haverá mudanças: um cartão magnético introduzido numa fenda na porta servirá para abri-la. Não só isso - além de abrir, o cartão magnético fará com que o banco vá para a posição correta para aquele motorista. Isso será de grande interesse em empresas em que vários motoristas podem se utilizar de um mesmo caminhão. Aí, cada cartão personalizado dará o posicionamento do banco para seu possuidor.

Algo além da imaginação? Nem tanto. Os sketches (croquis, esboços) destas paginas, desenvolvidos rapidamente, em pouco mais de meia hora, por profissionais do desenho, retratam detalhes técnicos já em desenvolvimento e muitos à disposição em automóveis, especialmente nos países mais desenvolvidos. Mesmo considerando-se que um design de caminhão tem vida mais longa que a de um automóvel, que fica mais tempo com a mesma cara, não custa fixar bem na memória a imagem desses brutos futuristas. Quem atingir o século XXI poderá comprovar se a fantasia virou realidade.

E aí, será que as previsões foram acertadas? Então, convidamos você a clicar aqui e ler a matéria “Design de caminhões: entenda como o mercado, tecnologia e legislação influenciaram na evolução dos veículos”, para conferir como está este mercado atualmente.
 

Fotos: acervo Revista Caminhoneiro

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