18 de Abril de 2024
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Falta muito

Por Revista Caminhoneiro em 07/11/2016 às 15:10
Falta muito

“Você pode dizer que eu sou um sonhador. Mas eu não sou o único”. Eu esperei, eu acreditei e, confesso, sonhei com a aprovação da “Lei do descanso” e com os caminhoneiros trabalhando em estradas com segurança, pontos de apoio, salário e jornada justos e, principalmente, sendo respeitados. Mas foi apenas um sonho. Pouca coisa mudou. Conversando com um caminhoneiro catarinense, que voltava do Pará, fiquei triste. Os caminhoneiros ainda estão sendo tratados como seres humanos de quinta categoria. João e Maria (nomes fictícios do casal) saíram de Santa Catarina com uma carreta carregada de carne. Descarregaram em São Paulo, se abasteceram de verduras no Ceagesp. Essas verduras foram descarregadas no Pará para darem lugar ao açaí. Parte da carga ficou em Belo Horizonte, outro tanto no Rio de Janeiro e o restante em São Paulo, onde o casal abasteceu de novo no Ceagesp, mas ainda não sabia se ia para o sul, ou para o norte. Depois de 43 dias longe de casa, João riu quando lhe perguntei sobre a “Lei do descanso”. Ele disse que tenta cumprir, mas não há condições, não tem onde parar com segurança. O caminhão da empresa bloqueia às 22 horas, então não dá para ficar procurando local. Ele para antes e quase sempre é “roubado”. Se quiser ficar no posto, tem que abastecer e o preço sempre é mais alto. Mas quando isso ocorre, ele fica menos triste. Pior é chegar nas empresas e ter que deixar a esposa na calçada porque não permitem mulheres no pátio. João lembrou de uma ocasião na qual ele estava com a esposa e filha. A filha começou a passar mal, com febre, e o “encarregado” recusou deixá-lo entrar. Ele não pensou duas vezes. Mandou tirar toda a carga (que estava sendo carregada) porque ele iria levar a filha ao hospital. A confusão foi tanta que o dono da empresa apareceu, disse para João ficar calmo, cuidar da filha, dentro da empresa. Pela manhã, ele e sua família foram acordados com bandejas de café da manhã e um pedido de desculpas do “encarregado”. Maria conta que a maioria das empresas não deixa as mulheres entrar porque no passado, algumas não se comportaram bem. O erro de algumas acabou prejudicando a todas. João reclama que chega a ficar cinco dias parado e ninguém explica o motivo. Às vezes, um encarregado que se julga “otoridade” ainda o humilha com as mais absurdas exigências e afirmações. O que esse cidadão não pensa é que se não fosse o caminhoneiro se arriscando nessas estradas esburacadas e mal conservadas, ele não teria quem esperar, não teria emprego, seria um desempregado. Caminhoneiros, empresários, porteiros, encarregados, policiais, todos trabalhando em união, respeitando uns aos outros, conseguirão fazer um transporte eficiente e com todos lucrando. “Espero que um dia vocês se juntem a nós e o mundo será apenas um”.   texto:  Francisco Reis

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