26 de Abril de 2024
Onde tem caminhão, tem caminhoneiro

Dólar

Euro

Ainda não é um assinante ?
Siga-nos nas redes sociais:

CUIDADO COM A PIRATARIA

Por Revista Caminhoneiro em 16/03/2018 às 11:10
CUIDADO COM A PIRATARIA

O caminhoneiro precisa ficar atento na hora de adquirir uma peça, abastecer com diesel e colocar Arla no seu caminhão.
Há circulando no mercado vários produtos falsificados.
Na hora de cuidar da manutenção e do abastecimento do seu caminhão, fique esperto para não cair no golpe dos produtos falsificados. Para se ter uma noção, por exemplo, as peças remanufaturadas mais comuns que podem ser falsificadas são: freio a disco, secador de ar, válvula de proteção de 4 circuitos, compressores e midi servos de embreagem. Esses produtos ilícitos basicamente afetam o consumo de combustível e aceleram os desgastes de outros componentes do trem de força, como a embreagem, por exemplo, uma vez que a performance inferior da peça falsificada obriga a mudar mais vezes de marcha. Quando avaliado o custo por quilômetro rodado do componente, individualmente, geralmente em empresas que têm um controle mais efetivo destes custos, a vantagem do produto original é muito significativa. Para os autônomos esta diferença é mais difícil de ser percebida, porque nem sempre eles têm um controle mais apurado dos custos de manutenção e acabam sendo enganados no momento da compra, levando um produto falsificado. Uma peça falsificada que não atende as especificações do veículo acaba comprometendo todo o desempenho do caminhão, sendo muito mais grave quando são as peças de segurança. “É importante destacar que as peças falsificadas são fabricadas sem os mínimos requisitos exigidos pelas montadoras, colocando em risco a vida de motoristas e passageiros de veículos. A fabricação de uma peça exige anos de estudos e pesquisas, além de investimentos em tecnologias até que a mesma entre na linha de produção. Grande parte dos fabricantes que fornece às montadoras também abastece o mercado de reposição com as mesmas peças de qualidade”, diz Elias Mufarej, conselheiro do Sindipeças para o mercado de reposição e coordenador da GMA – Grupo de Manutenção Automotiva.
Hoje, quando se pergunta qual é a porcentagem de peças remanufaturas falsas que circulam pelo País? A resposta é unânime: podemos sinalizar que para algumas linhas, como embreagens, por exemplo, a porcentagem de peças falsas é altíssima.
Elias Mufarej dá algumas dicas: O consumidor deve desconfiar de preços muito abaixo da média de mercado, se o desconto for acima de 20% é preciso ficar bem atento com a procedência da peça. Outro ponto importante é comprar produtos em locais idôneos, verificar as informações, como CNPJ, na embalagem e se houve violação da caixa. Selos mal confeccionados, códigos de barra danificados, podem ser indicativos de falsificação. Quando a peça está muito solta na caixa, pode ser indício de peça pirata e falsificada. Optar por marcas conhecidas e renomadas, exigir a nota fiscal do produto e comprar em estabelecimentos idôneos.
O conselheiro do Sindipeças acrescenta que qualquer suspeita com relação à origem do produto, o caminhoneiro deve entrar em contato com o fabricante que tem o departamento de assistência técnica e suporte ao cliente.
Jefferson Germano, gerente de Aftermarket da Knorr-Bremse para o Brasil e América Latina, explica que todos os produtos remanufaturados da Knorr-Bremse têm duas formas de identificação: a placa de identificação e a rastreabilidade de produto na cor azul (sendo que para os produtos novos a cor é preta); e os pontos de lacre padrão nos produtos remanufaturados da Knorr-Bremse. Newton Juliato, supervisor de Assistência Técnica e Desenvolvimento da BorgWarner, também explica que na linha de turbos, tanto os turbos completos – o que é mais comum - como o conjunto central e os demais componentes podem ser falsificados. “Os produtos originais são embalados em caixas com o logotipo da empresa fabricante original, com o certificado de garantia e informações para contatar o fabricante. No caso da BorgWarner, temos o cuidado ainda de indicar o número da série da peça tanto na plaqueta do produto como na embalagem externa, o que pode ser facilmente identificado e comprovado pelo comprador que se trata de um produto original. Nos componentes, temos indicação de lote de fabricação e número da peça, que nos dá uma precisa rastreabilidade em campo. No entanto, esta é mais difícil de ser identificada pelo consumidor final, pois como está dentro do produto montado, fica impossível visualizar sem a desmontagem completa do mesmo. Vale lembrar que os fabricantes originais, há mais de 10 anos, não disponibilizam componentes internos, tais como eixo e rotor compressor para o mercado de reposição, o que indica já de imediato que não são peças originais quando o cliente recebe uma oferta deste tipo de algum vendedor”, diz Newton Juliato. Origens Os produtos são falsificados no próprio País, utilizando componentes importados de várias origens como China, Europa e Estados Unidos, porém os produtos completos geralmente veem da China. “Temos investido em treinamentos e visitas técnicas de esclarecimentos para frotistas, onde expomos o custo-benefício do item remanufaturado original, no âmbito externo e estamos em fase de testes finais de um canal direto em que o cliente final pode checar diretamente com a fábrica se o produto adquirido é original ou não”, diz Newton Juliato. Outra empresa que também trata esse assunto com responsabilidade é a Eaton Corporation. Francisco Coli, Projetos Aftermarket da Eaton, salienta que quase todo produto remanufaturado pode, em geral, ser encontrado no mercado “paralelo”. É necessário se atentar, pois em algumas situações produtos recondicionados são oferecidos como “remanufaturado original da fábrica”, enganando o consumidor.
“O produto recondicionado não tem origem identificável e não passa pelo processo de reindustrialização, que possui os mesmos critérios de qualidade da fabricação tradicional”, diz Coli.
Assim como todos os produtos originais, os produtos remanufaturados Eaton têm em sua embalagem a identificação da marca e a etiqueta com o código de rastreabilidade que consta na própria peça. No caso das transmissões ECOBox Eaton, além da plaqueta de identificação, é possível constatar sua procedência pela cor do casco, que é verde. As transmissões remanufaturadas são uma das apostas da Eaton para o aftermarket neste ano. “Com o novo programa ECOBox, a empresa definiu três classificações para a avaliação da transmissão que será substituída por uma remanufaturada. Com base nessas classificações, quanto menos desgaste verificado, menor será o valor pago pela caixa de câmbio, reduzindo o custo das transmissões remanufaturadas em até 30%”, diz Francisco Coli. O executivo da Eaton continua: Apesar dos produtos remanufaturados concorrerem também com os produtos novos de origem asiática, são os recondicionadores - alguns poucos estruturados, mas, na maioria, sem critérios rígidos de qualidade - que reutilizam componentes desgastados e não originais, colocando em risco a segurança e a durabilidade do veículo. O setor foca principalmente na conscientização do aplicador e do proprietário com treinamentos técnicos e campanhas. Outra forma de combater a falsificação seria a aplicação de uma tributação mais justa na logística reversa, tornando os remanufaturadores originais mais competitivos, afinal essas empresas recolhem todos os impostos e dão uma destinação correta aos componentes descartados, evitando a degradação do meio ambiente. O segmento também está difundindo o conceito do produto remanufaturado no mercado e suas vantagens, como a qualidade na manutenção de veículos. Além disso, está unindo forças para reivindicar incentivos fiscais e de exportação, bem como propor uma legislação que regulamente o setor de remanufaturados. Ele busca implantar práticas de responsabilidade ambiental, que incentivem o descarte responsável de peças usadas. O setor de autopeças, por meio do Sindipeças, criou um programa de certificação compulsória acreditada pelo Inmetro de vários componentes. Isso representa um grande avanço na prevenção de falsificação, mas é necessário que haja rigor na fiscalização e sejam apresentadas as denúncias. Diesel e Arla A falsificação também atinge o diesel e o Arla no mercado nacional. A Petrobras Distribuidora explica que por se tratar de uma solução aquosa de ureia, o Arla pode ser adulterado com água pura ou com uma solução usando ureia agrícola. Testes que identificam esse tipo de adulteração não estão disponíveis para os consumidores. A recomendação é o uso de produto de fonte confiável e que possua registro junto ao Inmetro, como o Flua Petrobras. Segundo Thiago José Ávila Martins, engenheiro de Serviços da Cummins Brasil, em caso de uso de Arla-32 adulterado, as falhas observadas ocorrerão nesta sequência: Acionamento da luz de falha de pós-tratamento no painel do veículo (MIL - “Malfunction Indicator Lamp” ou “Lâmpada Indicadora de Mau Funcionamento”); o sistema de injeção de Arla-32 será contaminado, sendo necessário encaminhar o veículo para uma oficina credenciada para realizar a limpeza em casos mais simples ou até a substituição do sistema de injeção; e se mesmo após a recuperação do sistema de injeção, o usuário continuar a usar o Arla-32 fora do especificado, o catalisador perderá sua eficiência de conversão de gases. Não há possibilidade de recuperação do catalisador, apenas sua substituição. Em caso de uso de ureia agrícola (ou ureia não automotiva) o catalisador irá entupir (ou será envenenado) antes do sistema de injeção de Arla-32 falhar. Thiago José Ávila Martins explica que existem vários meios ilegais para burlar o sistema de controle de emissão, sendo os mais comuns: reprogramação do módulo de controle com uso de ferramentas eletrônicas não conhecidas pela Cummins, nas quais o sistema de controle de emissões é desativado; e a instalação de um módulo emulador de sinal, por meio do qual ocorre a simulação eletronicamente o sistema de controle de emissões, “enganando” o módulo de controle. O executivo da Cummins dá dicas de como identificar o Arla-32 adulterado. Observar se ele cristaliza quando derramado: uma característica do Arla-32 é a cristalização do mesmo quando “derramado” em uma superfície seca. Isto ocorre, pois a água, que faz parte da composição do Arla-32, evapora, formando cristais de ureia; observar se a embalagem do Arla-32 possui o selo do Inmetro. Toda embalagem deve possuir a data de validade, conforme norma ISO 22241. A amostra de Arla-32 possui a validade de 1 ano após a data de envasamento. Ele deve ser armazenado em local seco e arejado e sem incidência direta de luz solar para não perder suas características químicas. “Também aconselhamos, assim como no caso do combustível, que a compra do Arla seja feita em postos de venda de confiança. Preço muito abaixo do praticado no mercado deve ser evitado”, diz Thiago José Ávila Martins. A Cummins oferece no mercado duas ferramentas para a verificação da qualidade do Arla-32. Para a aferição da concentração de ureia diluída na mistura de Arla-32, aconselhamos o uso do refratômetro, disponível nos Distribuidores Cummins (Part Number Cummins: 4919554). O Cummins Check Arla verifica se a água que compõe a mistura de Arla-32 possui impurezas (Part Number Cummins: 5442689). A confiabilidade do teste é de 99%, com o melhor custo/benefício. Qualquer cor diferente do azul indica que o Arla foi fabricado com água que contém minerais acima do permitido, podendo danificar os componentes do sistema de pós-tratamento do seu veículo. O procedimento do teste é bastante simples: Retire 5ml da amostra a ser analisada; adicione 1 gota à amostra, misture e verifique o resultado. Arla-32 caseiro Algumas empresas com as dificuldades político-econômicas que passou o País nos últimos anos, tiveram que trabalhar com um orçamento reduzido. No setor de transportes, um dos mais atingidos, a meta principal ainda é reduzir custos para conseguir sobreviver ao período de retração e redução de fretes. Diante desse momento, algumas transportadoras instalaram equipamentos para produção de Arla-32 para consumo próprio, tanto de pequenos volumes como em grande escala, desenvolvendo o próprio know-how ou adquirindo-o de terceiros. Contudo, para a produção do reagente, o cuidado com a qualidade da ureia é primordial e requer análises de laboratório para garantir que uma ureia adquirida no mercado como o automotivo realmente atenda às especificações estabelecidas. Além dos cuidados com a matéria-prima utilizada e a instalação e operação dos equipamentos, mesmo que a produção do Arla- 32 seja apenas para consumo próprio, há sempre a necessidade do licenciamento ambiental da unidade (LP, LI e LO), conforme regulamentação municipal ou estadual cabível. A falta dessas licenças de operação pode gerar multa e até mesmo o embargo da produção. “Mesmo que seja para uso próprio, o cuidado com a qualidade do produto final é essencial, pois pode submeter os veículos a multas e até sua apreensão na estrada para regularização. O uso de Arla-32 fora de especificação também pode causar sérios danos aos caminhões, causando prejuízos de até R$ 20 mil por catalizador danificado. Ou seja, uma transportadora com 100 veículos Euro V pode vir a ter um prejuízo de R$ 2 milhões”, explica Elcio Farah, diretor Adjunto da Associação dos Fabricantes de Equipamentos para Controle de Emissões Veiculares da América do Sul (AFEEVAS). Quanto ao combustível adulterado, a Petrobras Distribuidora explica que poderá danificar bicos e bomba injetora, causando problemas no motor que vão gerar altos custos de manutenção, além de ocasionar perda de sua potência. Se o teor de enxofre no combustível for acima de 10 ppm (obrigatório para as novas tecnologias automotivas - motor a diesel, produzidas a partir de 2012) poderá reduzir a vida útil do catalisador. Segundo o engenheiro de Serviços da Cummins Brasil, para o consumidor é bom sempre observar visualmente a coloração do diesel. A Petrobras Distribuidora alerta: Se o aspecto do diesel estiver turvo, o combustível pode ter sido misturado com água. O recomendável é sempre abastecer em postos que possuam programas de monitoramento da qualidade dos combustíveis. A Petrobras Distribuidora foi pioneira na implementação desse monitoramento, lançando, há mais de 20 anos, o Programa De Olho no Combustível. A Cummins também sugere o abastecimento em posto em que a procedência do combustível é conhecida. Motorista deve ainda desconfiar de preços muito abaixo dos praticados no mercado. Em caso de suspeita, a sugestão é acionar o órgão de fiscalização competente e procurar uma oficina mecânica credenciada para avaliar se o sistema de injeção e de pós-tratamento foram afetados devido ao uso de diesel adulterado.
“É possível solicitar a análise química da amostra de diesel, porém esta será cobrada pelo laboratório. A lista de laboratórios pode ser encontrada no site do Inmetro”, diz Thiago José Ávila Martins.
A Petrobras Distribuidora e o executivo da Cummins reforçam que o uso do diesel “batizado” acarreta a oxidação do bico injetor da bomba de combustível. Com isso, o motor eletrônico irá trabalhar com baixa performance e o motorista será “avisado” pelo sistema de autodiagnóstico OBD (On-Board Diagnostic), por meio de uma luz no painel do veículo. Caso esta condição ocorra, o caminhão deve ser encaminhado para uma concessionária para checagem e análise do sistema de injeção de combustível e a possibilidade de recuperação do funcionamento original do sistema de combustível.

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Comentários

  • Nenhum comentário. Seja o primeiro a comentar!

Aguarde..