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Casal catarinense desbrava o mundo dos caminhoneiros em Portugal e cria o canal “Europa Sobre Rodas”

Por Equipe RC em 21/09/2023 às 14:44
Casal catarinense desbrava o mundo dos caminhoneiros em Portugal e cria o canal “Europa Sobre Rodas”

Jessé G. Nandi e Hana Ribeiro Nandi são naturais de Sangão, Santa Catarina. Eles iniciaram sua trajetória de sair do Brasil em 2018, e depois de terem o tão sonhado visto para os Estados Unidos negado, resolveram arriscar e ir para a Europa. O plano inicial era fazer a cidadania italiana e depois ir trabalhar nas sorveterias da Alemanha, como a maioria faz. Porém, após passar por muitas dificuldades nesse processo e ter de ficar na Itália por 10 meses, ficaram sabendo da possibilidade de trabalhar com caminhões em Portugal e ganhar três vezes mais do que ganhariam nas sorveterias.

Chegaram em Portugal em 2020, no auge da pandemia, o que dificultou bastante o processo de troca da CNH para carta de condução portuguesa. E só em 2021 é que finalmente começaram a trabalhar na área. Depois de ter que correr atrás de tudo sozinhos, desde como se regularizar em Portugal até como fazer a troca da carta e adicionar as categorias de pesados, resolveram criar o canal “Europa Sobre Rodas”, e poder ajudar a todos que também têm a vontade de trabalhar com caminhão fora do Brasil, mas não sabem nem por onde começar.

“Com a atual situação econômica do país, muitos brasileiros estão emigrando para a Europa, e Portugal tem sido o destino número um escolhido. Já são quase 400.000 brasileiros vivendo legalmente no país, e com as facilidades de obter residência no país, a tendência é só aumentar nos próximos anos”, diz Jessé G. Nandi.

Hana Ribeiro Nandi explica que a profissão de caminhoneiro na Europa é totalmente diferente, com melhores condições de trabalho, infraestrutura e remuneração, e como o mercado europeu tem uma carência gigantesca de mão de obra neste setor, os motoristas brasileiros enxergam aí uma grande oportunidade de melhorar de vida.

Caminhoneiro na Europa x Brasil

Parque europeu

Segundo Jessé G. Nandi, as principais diferenças entre a profissão de caminhoneiro na Europa e no Brasil são diversas, mas as principais são os horários, a infraestrutura, a segurança e a remuneração. Quanto ao horário, a fiscalização é rigorosa com o disco tacógrafo e não permite que nenhuma regra seja infringida nesse sentido. Os horários precisam ser seguidos à risca, não podendo passar das 9 horas diárias de condução, tendo que fazer uma pausa de 45 minutos após 4:30h de condução. O motorista tem apenas dois dias da semana em que pode conduzir por 10h, porém, a cada 15 dias precisa fazer uma pausa de 45h. Isso garante um descanso muito bom. "Uma coisa interessante é a infraestrutura e segurança que temos. Existem parques gratuitos em quase todas as rodovias, com banheiros excelentes, e alguns até possuem Wi-Fi e banho gratuito. Não é incomum ver motoristas dormindo

com as janelas abertas nos dias quentes de verão. Claro que existem parques mais isolados em que precisamos tomar cuidado, principalmente com a questão de roubo de combustível, mas nada comparado à insegurança, que infelizmente temos em nosso país".

Jessé G. Nandi salienta que quanto à remuneração, acredita que é o principal atrativo da profissão. Os salários podem variar de €1500 (R$ 7.875 no câmbio desta data), para motoristas que voltam para casa todo dia, até mais de €5000 (R$ 26.000) para aqueles que fazem a rota internacional passando algumas semanas fora. Sem mencionar as próprias rodovias que são excelentes e estão sempre passando por melhorias.

Faltam motoristas

Hana Ribeiro Nandi diz que a principal causa desta falta de mão de obra é a própria cultura europeia. “As pessoas aqui priorizam muito a qualidade de vida, e o fato de precisar ficar fora de casa nos fins de semana não atrai nem um pouco os portugueses. A maioria deles prefere trabalhar de segunda a sexta, nas fábricas, por exemplo. Os que trabalham com caminhões optam pelas rotas nacionais ou ibéricas, para não passar muito tempo fora. E como o poder de compra aqui é muito grande, não se precisa ganhar muito para viver razoavelmente bem. Outra causa é a falta de pessoas qualificadas para o trabalho, uma vez que o investimento que precisa ser feito para se tornar motorista de pesados aqui é alto, podendo chegar a €2000 (cerca de R$ 10.500 no câmbio dia), desde obter todas as categorias e o curso CAM, que é obrigatório. É aí que os motoristas brasileiros têm uma excelente oportunidade. Portugal permite que seja feita a troca da CNH brasileira para a carta de condução portuguesa sem perder as categorias, e então só é preciso fazer o curso CAM, o que acaba diminuindo o custo pela metade. E como a maioria dos brasileiros vem para cá em busca de fazer dinheiro, ficar fora por duas ou três semanas não é problema, principalmente para aqueles que vêm sozinhos sem a família."

Hana Ribeiro Nandi acredita que "tudo é uma questão de objetivos mesmo, a maioria dos europeus já possui uma vida estável, não precisam se sacrificar passando vários dias na estrada, então para aqueles que assim como nós planejam garantir um futuro confortável, esta é a profissão ideal para alcançar esses objetivos mais rápido."

Fotos: divulgação / Capa: Parque europeu

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